Ainda a propósito do texto do Padre António Vieira
Jesus Cristo, para nós professores, é um exemplo impressionante a ter em conta.
É que, à partida, Jesus, como mestre e educador, falhou incrivelmente em quase todos os campos.
Isto apesar de usar um método pedagogicamente correcto: apresentou sempre o seu comportamento como modelo e exemplo, usou parábolas para despertar o interesse dos seus ouvintes e para lhes tornar a mensagem mais facilmente compreensível, e encorajou-os a praticar o que aprendiam.
Bom, o que é certo é que Jesus só conseguiu arranjar 12 discípulos e nenhum pareceu entender patavina da sua mensagem (o entendimento só veio depois, como explica Vieira). Ainda por cima, um deles até o vendeu por 30 dinheiros e outro, o principal, negou inclusivamente tê-lo conhecido sequer. E, para o desastre ser total, acabou por ser morto por vontade de uma multidão em fúria que achou um criminoso feroz um indivíduo mais aceitável que ele! Não consigo imaginar pior...
(Eu, que não sou Cristo, nem tenho a sua profunda e imensa sabedoria, eu, tenho a pretensão de conseguir ensinar e convencer toda a gente!?)
No entanto, a sua mensagem não só não se perdeu, como se tem espalhado, influenciado e inspirado milhões e milhões de seres humanos! Há que admiti-lo: Jesus acaba por ser na realidade um dos mestres mais bem sucedidos na história da humanidade!
Reflexão final:
Não nos devemos culpabilizar quando fracassarmos no momento presente.
Devemos preocupar-nos, sim, em fazer com que a nossa tarefa de comunicar e de ensinar seja levada a cabo com a mais séria honestidade e autenticidade, portanto, com sensibilidade, com clareza e com coragem. Devemos também preocupar-nos em adequar quer a mensagem quer o meio de a transmitir àqueles que é suposto receberem-na e aprenderem-na.
Mas aqui acaba a nossa responsabilidade.
Se os alunos escolhem livremente não estudar e não se comportarem bem (note-se que as consequências imediatas dessas escolhas para eles são mínimas), isso já não é da nossa responsabilidade, nem devemos aceitar que disso nos culpabilizem.