"Fraco contra fraco"
De Rui Tavares, no Barnabé. Se não o fizeram já, leiam por favor:
"Fraco contra fraco
Um dos aspectos mais chocantes do governo de Durão Barroso: ser forte contra os fracos e fraco contra os fortes.
Mais rapidamente do que desejaria vou perdendo a esperança de que Sócrates inverta esta tendência. O novo primeiro-ministro prometeu ser forte contra todos, fracos ou fortes. O resultado do discurso, até agora, tem sido colocar todos contra todos.
Especialmente trágico, para a esquerda, é ver fracos contra fracos: desempregados contra imigrantes, sub-empregados contra mal pagos, privados contra públicos, jovens contra velhos, recibos verdes contra contratos a prazo.
Dizem-me que nada neste país se resolve enquanto não se resolver a questão orçamental. À cautela, lá vou acreditando que sim.
Mas o problema está noutro lado. Um país não suporta viver ano após ano após ano a ser governado como se estivesse nas mãos de uma comissão liquidatária. Enquanto isso, vai-se instalando a ideia – essa sim verdadeiramente mortal – de que a solução para isto não está nas mãos de quem aqui vive. Temos andado a dizer às pessoas que elas são o problema. Antes que elas se convençam que o seu dever patriótico é suicidarem-se aos sessenta anos para não sobrecarregar o orçamento e fazerem quatro ou cinco filhos à antiga para os deixar passar fome, temos de saber dizer-lhes como é que só elas podem ser a solução.
Sem isso não vamos lá, e já tarda."
"Fraco contra fraco
Um dos aspectos mais chocantes do governo de Durão Barroso: ser forte contra os fracos e fraco contra os fortes.
Mais rapidamente do que desejaria vou perdendo a esperança de que Sócrates inverta esta tendência. O novo primeiro-ministro prometeu ser forte contra todos, fracos ou fortes. O resultado do discurso, até agora, tem sido colocar todos contra todos.
Especialmente trágico, para a esquerda, é ver fracos contra fracos: desempregados contra imigrantes, sub-empregados contra mal pagos, privados contra públicos, jovens contra velhos, recibos verdes contra contratos a prazo.
Dizem-me que nada neste país se resolve enquanto não se resolver a questão orçamental. À cautela, lá vou acreditando que sim.
Mas o problema está noutro lado. Um país não suporta viver ano após ano após ano a ser governado como se estivesse nas mãos de uma comissão liquidatária. Enquanto isso, vai-se instalando a ideia – essa sim verdadeiramente mortal – de que a solução para isto não está nas mãos de quem aqui vive. Temos andado a dizer às pessoas que elas são o problema. Antes que elas se convençam que o seu dever patriótico é suicidarem-se aos sessenta anos para não sobrecarregar o orçamento e fazerem quatro ou cinco filhos à antiga para os deixar passar fome, temos de saber dizer-lhes como é que só elas podem ser a solução.
Sem isso não vamos lá, e já tarda."
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