quinta-feira, setembro 15, 2005

No meio da frieza do recebimento de horários insatisfatórios, das ameaças veladas que pendem sobre nós, das perspectivas de um ano terrível e desamparado de qualquer tentativa do governo de facilitar a nossa tarefa de conseguir que os alunos aprendam, da ausência de reconhecimento concreto do trabalho bem feito, no meio de tanta frieza e de medo, há um nicho que eu procuro preservar de toda a corrupção, minha ou dos outros: a minha relação pessoal e pedagógica com os alunos.
Nos dias que antecedem o início das aulas procuro cuidar do meu espírito para, de cara lavada de qualquer sombra, encontrar os alunos e acreditar com eles que esta é a oportunidade que todos temos de iniciar juntos qualquer coisa de diferente e de melhor nas nossas vidas.
Romantismo? Claro! Mas é este o coração da minha motivação para ser professor. Se eu perder isto, estarei morto para esta profissão!

4 Comments:

Blogger Miguel Pinto said...

Este discurso não penetra nos gabinetes dos burocratas. O que é uma pena.

15/9/05 22:31  
Blogger Rui Diniz Monteiro said...

Obrigado, Miguel. E, no entanto, acredito que é um discurso que poderia ser subscrito pela esmagadora maioria dos professores.

18/9/05 16:08  
Anonymous Anónimo said...

(Mais um comentário que não me entrou à 1ª, mas eu sou persistente ;) )
Mas sempre é uma "vingançazinha", Miguel, esses burocratas também não entram nos nichos que o Rui refere, devem ter muito pouco a colorir o cinzentão dos seus dias.
Não acho romantismo, não, Rui. Acho que é daquelas várias coisas que, um dia, a olhar-se para trás, não farão ver tudo oco e inútil (os alunos recebem muitas sementes, boas, más e inúteis, mas cada professor que ama a sua profissão deixa alguma semente boa nalguns, creio)

24/9/05 02:05  
Blogger nana said...

também sinto o mesmo, agora imagina receberes um horário para 2 meses!!!
confuso e esquisito, não é?
;)

26/9/05 11:44  

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