Político = mercenários... e os professores?
Os políticos são os mercenários de todas as "guerras".
Eles são pagos para fazer um trabalho.
Até há quem defenda que deviam ser muito melhor pagos do que já são, a fim de atrair os mais competentes para essa profissão.
Isso lembra-me aquela anedota já antiga:
"Um homem e uma mulher encontram-se lado a lado num avião.
Ele pergunta-lhe: Você faria amor comigo por um milhão de euros?
Ela: Bem, por um milhão de euros eu faria, sim.
Ele: E por um euro?
Ela: Por um euro?? Quem é que você pensa que eu sou?!
Ele: O que você é [e também o que ele é, acrescento eu] já ficou decidido na primeira pergunta, agora é só uma questão de discutir o preço."
Esperar que os políticos tenham (e levem à prática) valores morais e éticos é puro idealismo. Que pelo menos cumpram as suas promessas ou, já agora, a lei, ainda é esperar bastante.
Quem achar que estou a embarcar numa cruzada anti-políticos, desengane-se.
Sou um professor. Este post poderia aplicar-se aos professores.
E aplica-se, que me desculpem os meus colegas e amigos professores que se possam sentir ofendidos com isto. Eu explico.
Nunca se sentiram desconfortáveis ao ouvirem defender que a escola deve também transmitir valores, os valores que o poder e a sociedade entendem que devem ser transmitidos... independentemente dos valores que cada professor em particular perfilha?
Por exemplo: o governo do meu país, o meu patrão, aquele que me dá emprego e é responsável por eu receber um salário, entendeu apoiar a invasão do Iraque. Eu sou contra essa guerra. Que devia eu transmitir nas aulas de Formação Cívica? A resposta só deveria ser uma: a posição oficial do meu país. Não a minha pessoal, porque senão estou a defender os meus interesses particulares... exactamente aquilo que eu critico nos políticos. Portanto... mercenário!
Este quadro pode-se tornar mais dramático quando chegarmos à Educação Sexual: mesmo que os conteúdos sejam apenas informação, não há nenhuma informação que seja neutra em termos de valores. Como é? Mercenários ou não? Estão a perceber?
Eles são pagos para fazer um trabalho.
Até há quem defenda que deviam ser muito melhor pagos do que já são, a fim de atrair os mais competentes para essa profissão.
Isso lembra-me aquela anedota já antiga:
"Um homem e uma mulher encontram-se lado a lado num avião.
Ele pergunta-lhe: Você faria amor comigo por um milhão de euros?
Ela: Bem, por um milhão de euros eu faria, sim.
Ele: E por um euro?
Ela: Por um euro?? Quem é que você pensa que eu sou?!
Ele: O que você é [e também o que ele é, acrescento eu] já ficou decidido na primeira pergunta, agora é só uma questão de discutir o preço."
Esperar que os políticos tenham (e levem à prática) valores morais e éticos é puro idealismo. Que pelo menos cumpram as suas promessas ou, já agora, a lei, ainda é esperar bastante.
Quem achar que estou a embarcar numa cruzada anti-políticos, desengane-se.
Sou um professor. Este post poderia aplicar-se aos professores.
E aplica-se, que me desculpem os meus colegas e amigos professores que se possam sentir ofendidos com isto. Eu explico.
Nunca se sentiram desconfortáveis ao ouvirem defender que a escola deve também transmitir valores, os valores que o poder e a sociedade entendem que devem ser transmitidos... independentemente dos valores que cada professor em particular perfilha?
Por exemplo: o governo do meu país, o meu patrão, aquele que me dá emprego e é responsável por eu receber um salário, entendeu apoiar a invasão do Iraque. Eu sou contra essa guerra. Que devia eu transmitir nas aulas de Formação Cívica? A resposta só deveria ser uma: a posição oficial do meu país. Não a minha pessoal, porque senão estou a defender os meus interesses particulares... exactamente aquilo que eu critico nos políticos. Portanto... mercenário!
Este quadro pode-se tornar mais dramático quando chegarmos à Educação Sexual: mesmo que os conteúdos sejam apenas informação, não há nenhuma informação que seja neutra em termos de valores. Como é? Mercenários ou não? Estão a perceber?
10 Comments:
Defender ou não a posição do Estado português em relação à guerra do Iraque não é tanto ter uma opinião sobre um valor moral ou ético, mas sim ter uma opinião sobre uma posição de cariz político. Penso, pois que o exemplo dado não foi o melhor...
Já quanto à questão da Educação Sexual poderei compreender o teor do artigo. É impossível sermos neutros na questão dos valores quando estamos a debater com os alnos este assunto. Mas, como tudo na nossa profissão deve imperar o bom-senso.
Não, Rui, não estou nada de acordo (desta vez) contigo. Obrigação de transmitir a posição oficial do governo ou os valores vigentes (maioritários)na sociedade?? Assume esse papel reprodutor só quem quer. Também não penso que devamos interferir na cabeça dos putos com os nossos valores pessoais (a não ser pelos nossos comportamentos), mas sim dar-lhes oportunidades (e informações) para que discutam, analisem com as suas cabeças, desenvolvam o espírito crítico, o qual é precisamente o contrário da aceitação PASSIVA dos "valores" dos outros, sejam quais forem esses outros.
Deixo uma citação (não tenho agora bem presente o nome da autora, estudiosa do desenvolvimento do pensamento moral): "Todas as crianças nascem heterónomas, mas algumas, ao crescerem tornam-se autónomas" :)
Abraço
Concordo com IC! 100%!!!
É por isso que (ainda) acho que vivo numa democracia: tenho o direito de discordar e de o afirmar publicamente!
;o) The LBug
Se acontecer eu me sentir obrigado a transmitir valores com os quais não concordo, acho que terei de deixar de ser professor. Mas sobre a questão da educação sexual, que se fala vir por aí, acho que poderá ser realmente um caso desses!
Também não penso que devamos interferir na cabeça dos putos com os nossos valores pessoais (a não ser pelos nossos comportamentos), mas sim dar-lhes oportunidades (e informações) para que discutam, analisem com as suas cabeças,...
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ou é de mim ou vai aí alguma confusão entre valores e ideias.
Os valores transmitem-se(não incendiar os carros alheios é um valor), as ideias adubam-se com informação e mais informação.
É normal termos valores no essencial idênticos e ideias bastantes diferentes.
Um comentário ao escrito por anonymous: Nada se ensina a nunguém, todos sabemos, orienta-se e dá-se todas as oportunidades para que APRENDAM. Não me consola muito ter transmitido que não incendiar carros é um valor se o jovem não incendiar apenas porque a sociedade considera que é, e o jovem sabe que o mais certo é ir parar à prisão se incendiar, mas incendiar um dia em que esteja certo de que não corre esse risco. Respeitar os outros (e o que legitimamente lhes pertence) é um valor universal por todo o lado prégado, mas está à vista também por todo o lado como não basta ser prégado - tantos que não o aprenderam/descobriram de facto!
(Mas fico por aqui, confesso que não estou habituada a falar com anónimos)
Vítor!!!
Bem-vindo!!! ;o)
E... também acho que, no momento em que fôr obrigada a transmitir valores, com os quais eu não concordo (quer pela minha formação, quer porque são discriminatórios, quer ainda porque contrariam uma ou mais regras de boa-convivência em sociedade), terei que re-equacionar a minha opção de ser Professora.
;o) The LBug
(p.s.: convém dizer que, quando falo na minha formação, não me estou a referir, de todo, a convicções meramente religiosas e/ou políticas!)
(Mas fico por aqui, confesso que não estou habituada a falar com anónimos)
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Concordo.
Diria mesmo que nos tempos que correm é mais seguro. E depois é reconfortante falar sempre com os mesmos sobre o mesmo.Por isso é que se inventou a net.Assim só falamos com gente conhecida.
Pobre juventude do meu país que tais mestres tem que aturar.
Fique com os seus e não se deixe contagiar, a vidinha não está para grandes aventuras...
Os alunos devem poder receber várias opiniões e factos de cada professor e de todas as pessoas. Se um professor tem opinião sobre um certo assunto deverá apresentá-la como ser humano que é! Depois cabe também a ensinar que não se deve aceitar um opinião de outra pessoa como a sua sem a questionar. Ensinar que é precisso usar essas informações para o aluno poder decidir qual a sua propria opinião ou criar outra nova! Palavras vindo de uma aluna
Meus amigos, neste post é certo que comecei com uma afirmação mas, não por acaso, acabei com uma interrogação. E aqui relatei uma experiência pessoal de desconforto, daí a referência à guerra do Iraque.
Há muitas maneiras de se dar uma informação, mesmo quando nos esforçamos por ser honestos. E quando o assunto nos apaixona, a tendência para colocar a nossa posição a uma luz mais favorável é irresistível. O mesmo vale para as opiniões. Assistam com atenção crítica ao show do professor Marcelo, procurem descobrir os truques que ele usa, e saberão do que eu estou aqui a falar.
Volto a dizer: eu acredito em coisas e modos de ver a realidade que não são muito comuns e que já têm chocado amigos meus: por exemplo, o tipo de liberdade que defendo, o meu apego à não-violência em relação a todos os seres vivos, incluindo crianças (se calhar pensam que eu estou a ser cínico? Não estou. Já encontrei pessoas que choram a ver filmes, ou que não suportam ver animais maltratados, mas que defendem uma chapada numa criança sem grandes sobressaltos morais ou emocionais). Não sei até que ponto é legítimo eu levá-las até junto dos alunos.
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