domingo, janeiro 22, 2006

Solidão

Hoje estou com a melancolia a soprar no meu espírito. Da manhã enevoada? Das poucas horas dormidas? Ou do que me aconteceu ontem?

Fui a uma festa de anos em casa de um amigo meu. E confrontei-me com uma explosão de ódio em relação aos professores que me deixou chocado!

Ouvi até: "Os professores são todos uma bosta!... Com excepção de ti, claro!" Pois...! Na altura até me ri, mas agora não.

As pessoas não querem realmente saber porque é que os professores não conseguem fazer tudo que elas lhes exigem, que é ensinarem e educarem os seus filhos, duas coisas que muitas delas próprias já não conseguem fazer (e é só a um ou dois, nós temos em média vinte e cinco de cada vez!).

Apenas fazem o que o governo e a comunicação social pretendem que elas façam: culpar os profs de todos os males do ensino!

Nós, os professores, estamos mesmo cada vez mais sós...

8 Comments:

Blogger Teresa Martinho Marques said...

A verdade é tão óbvia, que já nem se vê. A família demite-se, mas ninguém diz "todas as famílias são uma bosta excepto...". Porque, pura e simplesmente não é verdade. Há muitas famílias a fazer bom trabalho. Como não é verdade o que se pensa sobre os Professores. Como não é verdade o que se pensa dos Polícias, dos Juízes dos Médicos... Na vida é mesmo assim: há-os de todos os feitios. Não há estatísticas a confirmar que a maioria não presta. Costumam ser a excepção. Alguma vez foi diferente?
Estamos mais sós porque se insiste neste país em destruir a credibilidade (e os políticos e a comunicação social dão uma enorme ajuda) de profissões-chave... É fácil não é? Daqui para frente posso prevaricar, não cumprir a lei nem as regras porque os polícias, os juízes, são todos uma cambada de traficantes, ladrões e corruptos. E para que me hei-de portar bem na escola, ou fazer o que os stores dizem, ou trabalhar, se eles são todos uma bosta? Ou fazer o que o médico diz se ele não percebe nada e eu é que sei?
Não sei se, como país, vamos chegar a algum lado assim... Só nos resta, pelo exemplo, pela divulgação do bom, pela palavra posta a circular, tentar destruir os mitos que vão estimulando todos a ser piores e não melhores. Estes espaços na blogosfera, e outros, são disso exemplo. Se chega?
Não me façam perguntas difíceis...

22/1/06 12:31  
Anonymous Anónimo said...

Era inevitável. Durante anos e anos ouvimos, em silêncio cúmplice, uma minoria falar por nós. Nada fizemos. Não separámos as águas. Embarcámos em pedagogias utópicas.
Uma ministra demagoga, e eis que a factura recai em cima de nós.
Um dia, melhores dias virão.

22/1/06 16:56  
Anonymous Anónimo said...

Baaaaahhhh!
Este discurso já enjoa!
Em vez de vir para aqui com lamentos e lamechices, devia ter reagido na altura e em conformidade mas, segundo confessa, riu-se! Até se riu!!!
Sabe? "Quem cala, consente"!
Por outro lado, a avaliar pelo seu último post, se está sozinho é porque também não é bom colega! E cada qual só tem aquilo que merece...

22/1/06 19:01  
Anonymous Anónimo said...

Continuando com uns dias em que me não está a sobrar tempo para a blogosfera senão para uma voltinha rápida, limito-me a subscrever o que escreveu a Teresa.

22/1/06 23:15  
Blogger matilde said...

Na verdade, é difícil hoje ser professor... e é-o mais difícil, por um lado, porque parece que todos têm uma palavra a dizer acerca da Educação (uma palavra que muitas vezes é mais levada em conta se não for alguém da Educação a proferi-la...!)
O desrespeito pela classe docente é uma constante, mas concordo com a 3za, não é apenas pela classe docente. Penso que esta situação deve-se em muito pelo que é considera notícia pela comunicação social: a incompetência, as injustiças, o crime, as catástrofes. Tudo o resto, que esteja ligado a situações de profissionalismo, entrega pessoal, voluntariado, não traz audiências, e por isso passa despercebido... não acontece.

Força Rui... Não, não estamos cada vez mais sós...Só aqui neste cantinho tão pequeno de comentários já somos 4! (4 contigo, que não estou naturalmente a incluir o anónimo...)

De qualquer forma, acredito que a melhor forma de luta, a que mais nos realiza, é sem dúvida a que é feita pelo profissionalismo e pelo amor pelos nossos alunos e por aquilo que todos os dias os levamos a Aprender...

23/1/06 00:25  
Blogger mentes inquietas said...

Sabem uma coisa? Parece me que os professores se colocam a "jeito".
Um exemplo: tenho tido oportunidade de ouvir os foruns TSF; os dois temas mais recentes que envolvem os professores - o cumprimento na escola das 35h e a "obrigatoriedade" de ficar numa escola três anos. Como devem calcular, grande parte dos intervenientes eram professores. Em nenhuma ocasião, nos dois temas acima referidos, se falou dos alunos. Nenhuma. Se seria ou não benéficos para eles. Nenhuma. Os temas centraram se exclusivamente nos professores, e na penalização que isso constituia. Corporativismo portanto. Talvez fosse importante, de vez em quando, olharem para o outro lado da questão...
E discursos como "A família demite-se", isso sim, é que não há paciência nenhuma.
É curioso como num blogue como este, à semelhança de outros, centrados na temática do ensino, o papel do Ministério, e mais concretamente da actual Ministra, é sistemáticamente avaliado de forma "leve" dizendo mal de quase tudo o que é avançado. É pena. Creio que esta ministra tem tido algumas medidas politicas interessantes. Vejam a que está noticiada no publico de hoje sob o título "Escolas secundárias vão ter mais cursos técnicos para diminuir abandono escolar ".

Concluindo, os maus da fita não são seguramente os professores (como se esta e outras questões se podem resumir na existência de bons e maus).
No entanto, as posições públicas dos professores denotam muitas vezes pouco sentido global do problema, centrando se exclusivamente nas dificuldades e injustiças que os professores são alvo.
Falar sistematicamente de educação, sem que se centre o assunto nos alunos, é no mínimo, curto, não acham?

25/1/06 11:33  
Anonymous Anónimo said...

Peço desculpa, Rui, mas se se riu é porque concordou...
"Quem não se sente não é filho de boa gente!", lá diz o provérbio. Detesto esse género de conversa e confesso que perante esse diálogo tinha armado logo peixeirada e tinha dito umas boas verdades!

O problema é que nem nós nos defendemos...

Um abraço

26/1/06 22:13  
Anonymous Anónimo said...

"Era inevitável. Durante anos e anos ouvimos, em silêncio cúmplice, uma minoria falar por nós. Nada fizemos. Não separámos as águas. Embarcámos em pedagogias utópicas."
Correcto. Mas mais. Esse discurso ainda ecoa...mesmo que desvalorizado.
E está cheio de inverdades.
Uma saída: A Ordem de Professores. É preciso também olhar para o umbigo...

28/1/06 08:21  

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