A ira dos jovens
Porque é que cada vez mais maltratam professores, outros jovens (na escola, em namoros, em praxes) ou até a si próprios: anorexia, bulimia, piercings, tatuagens?
Uma 1ª explicação está em as crianças serem colocadas ainda bébés em infantários ou amas. Numa idade (até aos 3 anos) em que elas precisam da atenção exclusiva de uma mãe, são atiradas para um grupo acerca do qual ela só percebe uma coisa: que lhe é hostil. É esta percepção que se vai consolidar na estruturação da sua personalidade, se não fizermos nada que a contrarie.
Uma 2ª explicação está na agressividade e violência (verbal e física) que os pais revelam: não só para os filhos, como para os cônjuges, ou em qualquer outra situação - por exemplo, quando conduzem. Tomar consciência desta raiva e transformá-la em energias mais positivas e construtivas é um passo fundamental para não fornecermos aos nossos filhos um modelo absolutamente deplorável de comportamento.
Uma 3ª explicação é o abandono a que as crianças e jovens são votados pelos pais e outros adultos... mas não pela sociedade de consumo (publicidade dirigida a crianças em Portugal em 2001: 5 milhões de contos/25 milhões de euros).
A verdade é que ignoramos o nosso dever de proteger os nossos filhos de todos os vigaristas que prometem o céu e a felicidade infinitas. Mais: abrimos a esses vendedores de sonhos falsos as portas das nossas casas e deixamo-los serem os companheiros que mais horas passam com eles. Para que os nossos filhos nos deixem em paz. E vamos-lhes dando vídeos, cd's, computadores, dvd's, jogos, playstations, internet, etc, ao mesmo tempo que os defendemos até à irracionalidade das queixas dos professores, dos mais velhos, da polícia, atacando e pondo todos os defeitos nestes, a fim de calarmos os sentimentos de culpa que gritam na nossa consciência.
Há saída para isto? Há.
Conversar com os nossos filhos (os professores têm cada vez menos tempo e disponibilidade de espírito para o fazerem). Dar-lhes palavras e ideias que lhes permitam exprimirem-se e expressarem a dor que lhes vai dentro.
E para que eles vão aprendendo aos poucos a fazê-lo, sem ser por intermédio de actos violentos, contra si próprios ou contra os outros, dar-lhes ouvidos e todo o tempo que precisarem. Aproveitando agora as férias.
Porque, no fundo, são estes os meus votos de boas férias para todos! Convívio fecundo e gratificante para todos nas famílias!