quinta-feira, abril 27, 2006

Desistir

Face ao grande número de desistências de estudar por parte dos alunos, disse isto hoje aos pais na reunião:

Os alunos que desistem são aqueles que não acreditam que, depois de uma falha ou um obstáculo, podem recomeçar de novo para uma melhor aprendizagem do que a anterior.

Porque, nas suas experiências anteriores de tentar e não conseguir, eles tiveram mais dor e sensações de inferioridade do que encorajamento para superar as dificuldades ("Não tens vergonha? Hás-de ser sempre um inútil! És um calão! Um incapaz!", etc, etc)

Agora, ao desistirem, eles falham porque querem, já não falham porque são inferiores. É preferível não querer do que estar condenado a ser inferior aos outros.

Tentar de novo é uma experiência de solidão e de desamparo se, à sua volta, não existir um clima de afectuoso encorajamento que afaste as suspeitas que eles sentem de que não prestam.

Por isso, pais e professores não devem reforçar que os filhos são menos, mas apenas que, em cada caso específico e apenas aí, o que eles fizeram foi desadequado às exigências da situação. E que têm todas as qualidades para fazerem melhor e/ou mais.

quarta-feira, abril 26, 2006


(descobri este cartoon no Alcobacenseolariloléla)

quarta-feira, abril 19, 2006

Cambada de miseráveis... ainda por cima ricos à nossa custa!

Os deputados que estiverem ausentes do hemiciclo no momento das votações vão passar a ter falta, ainda que tenham assinado o livro de presenças e o número de parlamentares seja suficiente para assegurar quórum.

Mas eles julgam que nós somos parvos!? (Perdão, pergunta parva!!)
Quando "a palavra do deputado faz fé, não carecendo de comprovativos adicionais"!?? Que diferença é que faz ter falta?

Eu, que pertenço a uma classe de profissionais que tem as suas faltas marcadas hora a hora, e que por vezes quando falto uma hora me marcam duas faltas, olho para esta notícia com um riso de escárnio e de desprezo infinitos!

terça-feira, abril 18, 2006

Incrível!

Saímos 4 professores da aula das 10 horas. Estupefactos:
A quantidade incrível de miúdos que foram hoje à 1ª aula e ainda não sabiam as notas que tinham tido no 2º período!!!
"Ó stor, diga lá que nota é que me deu!"
Desculpem, mas isto não entendo mesmo, estou a falar a sério: é que não consigo mesmo compreender de todo!!!

sábado, abril 15, 2006

Alunos com NEE's: sempre na escola pública!

Sobre a questão dos maus tratos tenho escrito muito no meu blog Onde Mudar nestes últimos dias.
Aqui registo um outro aspecto.
Sempre fui a favor de nunca mandar alunos com deficiências para instituições especializadas privadas.
Em muitas, elas são negligenciadas e maltratadas (e, mesmo quando isso não acontece, recebem apenas a influência de miúdos em iguais condições).
Nem o mítico "mercado", nem a pressão dos privados exercem aqui qualquer efeito fiscalizador.
Como o demonstra à saciedade este caso do acórdão: tratava-se de uma instituição privada de quem se esperaria uma especial sensibilidade para o problema destas crianças: a Associação de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental.
Não, estas crianças TÊM de estar numa escola pública, não só porque aí ficam sempre garantidas condições minimamente humanas, mas também porque ela é a única instituição que está sempre sob o permanente controlo quer do Estado quer do público em geral.
Deixadas no privado é abrir a porta à barbárie!

quinta-feira, abril 06, 2006

Avaliação dos professores

Algumas considerações:
1 - Quanto menos os alunos fazem, mais se "castiga" o professor! Faz-me lembrar o "10", um filme de há muitos anos: havia uma velha criada com gases; sempre que se lhe escapavam, o cão fugia pois, para disfarçar, era ele que levava um valente pontapé. É como nós.
2 - Somos os únicos profissionais a exigir publicamente sermos avaliados com mais exigência (porque avaliação já existe); nem advogados, nem médicos, nem engenheiros, ninguém, só nós: glória triste esta, a de mostrar aos outros como confiamos pouco nos nossos pares...
3 - ...Mas ninguém fala nem nunca falou de avaliar as instituições que formam os professores, que são responsáveis pela certificação do saber desses professores perante a sociedade! Porquê? Mistério...
4 - "(...) e as avaliações e os exames diminuem as poucas forças internas capazes de mobilizar os indivíduos, (...) Longe de lhe [à sociedade portuguesa] insuflar força anímica, retiram-lhe energia, envergonham-na sem a estimular." (Portugal Hoje, O Medo de Existir, José Gil, Relógio D'Água, p. 82)
5 - Num post atrasado (Querer realmente o sucesso dos alunos) avancei com a minha proposta de como deve ser avaliado o trabalho das escolas, mas avaliado não para fins de carreira, mas sim para melhorar o estado da educação no nosso país.