quinta-feira, junho 22, 2006

Hoje sinto-me triste:

- Porque, no que se refere às pensões, os políticos nos mentiram, nos roubaram e nos expoliaram, ainda que de maneira legal; e não vão parar aqui. Mas o pior é que, tendo-o feito, não há um único que tenha um mínimo de honestidade e decência e nos peça desculpa!
- Porque ontem, enquanto estivemos a trabalhar para lhes pagar, eles foram ver um jogo de futebol, mostrando despudoradamente o infinito desprezo que sentem por nós todos!

quarta-feira, junho 21, 2006

Exames e avaliação de professores

Encontrei ontem a minha aluna D. a passear a meio da tarde.
"Então!?", pergunto eu, perplexo.
"Então o quê!!??", pergunta ela, igualmente perplexa.
"Então, amanhã há exame de Português!", explico eu.
"Oh, setor, eu lutei para ter um 3, para agora estar à vontade e não ter que me preocupar!"

E vamos nós, professores, ver o nosso esforço avaliado pelos resultados que estes alunos vão ter no exame!...

terça-feira, junho 20, 2006

Pensões

Ao Governo, e a todos os que o antecederam, mais ao senhor que está na presidência, a todos eles que contribuiram para me lixar com as pensões, dedico esta canção com o Bruce Springsteen:

Pay Me My Money Down (Lydia Parrish)

"I thought I heard the Captain say
Pay me my money down
Tomorrow is our sailing day
Pay me my money down

Oh pay me, oh pay me
Pay me my money down
Pay me or go to jail
Pay me my money down


(...)"

sexta-feira, junho 16, 2006

Um samba...

... dedicado a todos nós, mas dirigido sabem vocês a quem!

De Ataulfo Alves:

As árvores morrem de pé

"Sua vontade
é me ver caído no chão
Mas não caio não
porque tenho meu guia de fé!
Sou uma árvore
Morro, mas morro em pé!
Sou uma árvore, morro em pé!

Pra seu governo
ouve-me bem Januário
Você não pode ensinar
padre-nosso ao vigário
Bom remador
rema em qualquer maré
Sou uma árvore
Morro, mas morro em pé!
Sou uma árvore
Morro, mas morro em pé!"

Simples, mas directo, não acham?

quinta-feira, junho 15, 2006

Fiz greve porque...

... lhe quis mostrar, sra. ministra, que não estou no lado onde a sra. me quer colocar.
E que, acima de tudo, NÃO ESTOU NEM NUNCA ESTAREI DO SEU LADO!

(a menos que a sra. venha a mostrar que percebeu com o coração que vencer o adversário do modo como a sra. o procura fazer, isto é, recorrendo à razão do ódio e da força bruta, gera uma humilhação tal que torna a sua vitória tão esquálida e amarga como a derrota)

segunda-feira, junho 05, 2006

Alunos (3)

Parece que a sra. ministra foi para a televisão (eu não vi) com uns gráficos.
Um gráfico que mostrava a descida no número de alunos.
Um gráfico com a subida no número de professores.

(Podia ter mostrado um gráfico com o aumento das qualificações dos professores, mas claro que isso ainda levantava era a suspeita de a sra. poder estar a dizer bem dos professores, e isto é certamente a última coisa que quer que esperem de si!)

Um gráfico com a subida no orçamento dedicado à educação.
Finalmente, um gráfico a mostrar que os resultados dos alunos se mantiveram constantes.

Sra. ministra, isto não dá para lhe suscitar nem uma levíssima suspeita sobre onde é que pode estar efectivamente a sede principal do problema?

sexta-feira, junho 02, 2006

Os alunos (2)

Eis algo que não deixa de me espantar.

Porque é que ninguém considera os alunos como intervenientes activos e responsáveis pelo seu sucesso ou insucesso?

Atente-se de novo no Plano de Acção para a Matemática, Ano Lectivo 2006-07: "(...) o sucesso de uma intervenção para a melhoria dos resultados em Matemática depende fundamentalmente do trabalho das escolas e do trabalho colectivo dos professores de matemática."

Os alunos nem sequer são considerados (isto para não falar já dos pais, dos quais, segundo parece, nada se espera).

O S. e a N. eram ambos meus alunos a Matemática no 9º ano. Tiveram 5 no final do ano e 5 no exame, quando bastava terem tido 3 para manterem o 5.

Porque é que trabalharam tanto para o exame? E porque é que outros, também meus alunos, a receberem as mesmas aulas, não o fizeram?

Esta, ninguém tenha dúvidas, é que é a questão verdadeiramente crucial no problema do insucesso escolar!!! Os alunos.

Andar à procura noutros sítios faz-me lembrar a história contada por Herberto Helder:

“Trata-se de uma mulher que perdeu uma agulha na cozinha e a procura na varanda de sua casa. Acorre então o jovem que pretende ajudá-la, e pergunta: Que procura? – Uma agulha. Caiu-me na cozinha. Logo o inexperiente jovem se espanta muito e quer saber porque a procura ela na varanda. – Porque na cozinha está escuro – responde a mulher.
A parábola ajudará a desaprender alguma coisa, e depois será possível aprender outra coisa.”

Acho que isto diz tudo.